segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

JANELA DA REBOLEIRA

A designada Janela da Reboleira integrava originalmente a estrutura de uma casa edificada na zona ribeirinha da cidade do Porto, situada na esquina que une a Rua da Alfândega e a Rua da Fonte Taurina. Esta casa, que terá sido edificada entre os meados do século XV e o início da centúria de Quinhentos, foi demolida no século XIX. A janela, possivelmente pela sua interessante estrutura, foi poupada da demolição, e em 1880 Tomás Sandeman doou-a a Manuel Pedro Guedes, proprietário da Quinta da Aveleda, em Penafiel. Esta quinta, conhecida pela sua produção vinícola, foi edificada no século XVI, sendo então uma propriedade foreira que passou por várias gerações da mesma família. Na segunda metade do século XIX a quinta foi reabilitada por Manuel Pedro Guedes, deputado e autarca, que ao longo da década de 60 foi adquirindo diversos terrenos em volta da Aveleda, o que lhe permitiu alargar consideravelmente a propriedade familiar (SOEIRO, T., 1994, p. 100). Nessa época, a casa e a capela foram restauradas, e o espaço exterior junto à casa foi transformado num jardim de gosto romântico, no qual foram incorporados elementos de gosto revivalista. Foi o caso da janela quinhentista da Reboleira, colocada numa ilhota artificial localizada no centro do designado Lago Grande. A Janela da Reboleira é uma grande janela de ângulo com balcão formada por dois arcos abatidos que se apoiam numa coluna jónica, colocada ao centro. No interior da estrutura foram edificadas duas conversadeiras, e toda a estrutura exterior é decorada com motivos vegetalistas, muito comuns nos programas decorativos manuelinos, o que indica a data da sua edificação, situando-a nos primeiros anos do século XVI. Monumento Nacional desde 1910, esta janela ainda se encontra na bela Quinta da Aveleda.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

CASTRO DO MONTE MOZINHO

A presente classificação reporta-se aos vestígios de um povoado fortificado edificado durante a Proto-história, e ocupado ao longo do I século d. C., com continuidade ocupacional observada já durante o período medieval. Localizado num outeiro sobranceiro à Ribeira da Camba, este povoado possui uma área intramuros de cerca de 20 ha, encontrando-se defendido por quatro linhas de muralhas, cuja espessura máxima atinge cerca de 3,5 m junto às portas, às quais davam acesso rampas executadas com blocos de granito. Com paredes autoportantes, estas linhas foram erguidas com silhares graníticos assentes em seco, em aparelho poligonal, compostas por dois paramentos paralelos preenchidos com pedra miúda. Na zona intramuros observa-se uma estruturação do povoado através de um arruamento pavimentado com lajes graníticas orientado no sentido N.-S. e arruamentos distribuídos transversalmente. As estruturas encontradas apresentam planta predominantemente circular, possuindo algumas delas o respectivo vestíbulo de planta quadrangular. Diversas destas construções formam uma realidade que certos autores pretendem identificar como verdadeiros "quarteirões". É na plataforma superior deste povoado que se pode observar um recinto muralhado sem quaisquer vestígios construtivos, provavelmente utilizado para fins públicos e comunitários. Nas imediações da muralha superior e do arruamento principal foi detectada uma estrutura que alguns investigadores pretendem associar a um templo, composto por cella de planta quadrangular assente num podium com átrio lajeado. É, por sua vez, junto á plataforma exterior da terceira linha de muralhas que se observam os alicerces de uma eventual estrutura funerária, com características que parecem identificá-la como mausoléu, como parece apontar a presença, no seu interior, e de forma centralizada, de uma cavidade rectangular, bem como de alguns fragmentos de colunas e esculturas encontrados nas imediações desta edificação. Foi, ainda, detectada uma necrópole, de inumação, no exterior da quarta linha de muralhas, composta por recintos sepulcrais delineados mediante a colocação de pedras de pequenas dimensões, e cobertos por ardósias. No que respeita ao espólio móvel encontrado durante as sucessivas campanhas arqueológicas realizadas neste povoado, ele é essencialmente constituído por diversos fragmentos de cerâmica comum, tanto da Idade do Ferro, como do período da presença romana, da denominada cerâmica de importação, recipientes em vidro e mós manuais, para além de moedas, artefactos metálicos - dos quais se salientam algumas ferramentas, alfaias agrícolas e armas -, bem como variados elementos de adorno, fíbulas em bronze e jóias em prata, e elementos associados a estátuas graníticas e a três aras. Está classificado como Imóvel de Interesse Público e é dos lugares mais bonitos de Penafiel. Muitas pessoas de Penafiel ainda não foi ao Monte Mozinho, mas é um sítio de passagem obrigatória.

IGREJA MATRIZ

No local onde presentemente está implantada a Igreja de São Martinho, matriz de Penafiel, existiu até meados do século XVI a Capela do Espírito Santo, um templo edificado na Idade Média e reestruturado no início da centúria de Quinhentos (SOEIRO,T.,1994,p. 44). A reedificação da ermida medieval foi custeada por João Correia, mercador da vila, que mandou erigir uma estrutura manuelina (idem, ibidem), dotando o templo de diversos artefactos decorativos, nomeadamente um retábulo oriundo da Flandres. Na segunda metade do século XVI deu-se início à construção da nova igreja matriz, uma vez que a sede de paróquia do Julgado de Penafiel havia sido transferida de São Martinho de Moazares para o lugar de Arrifana do Sousa (Idem, ibidem, pp. 14-16). Desta forma, a Capela do Espírito Santo foi demolida, sendo aproveitado o espaço da capela-mor, utilizado no novo templo como capela funerária. No ano de 1561 tinham-se já iniciado as obras de edificaçãoda matriz, que decorreram até 1570, data inscrita no portal principal (Idem, ibidem, p. 44). O templo de São Martinho foi construído segundo o modelo de igreja-salão , muito comum na arquitectura religiosa portuguesa construída na segunda metade do século XVI. A sua estrutura, implantada longitudinalmente, desenvolve-se numa planimetria de três naves com quatro tramos, cujos arcos formeiros se apoiam em colunas jónicas.
O portal é enquadrado, a cada lado, por pares de colunas jónicas e encimado por entablamento decorado com motivos geométricos. Sobre este, o habitual nicho foi substituído por uma pintura que representa São Martinho repartindo a sua capa, ladeada por duas cartelas inscritas com as datas 1561 e 1570, que possivelmente se reportam ao início das obras do templo e à sua sagração, respectivamente. Este Monumento Nacional desde 1910 encontra-se no centro histórico de Penafiel mais própriamente na Rua Direita.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

MAPA



Mapa do distrito do Porto onde Penafiel pertence o seu respectivo concelho com as suas 38 freguesias.

ANTA DE SANTA MARTA


Possivelmente edificado durante o III milénio a. C., este monumento funerário megalítico é composto por mamoa de consideráveis dimensões, com cerca de 27 m de diâmetro, actualmente bastante danificada. A respectiva câmara poligonal possuí cerca de 2,5 m de altura, e é constituída por sete esteios imbricados, cujas superfícies apresentam pinturas executadas a vermelho. A laje de cobertura tem cerca de 3,3 m por 2,1 m. Do corredor, com cerca de 6 m de comprimento e 2,5 m de largura, é apenas possível observar dez dos esteios originais que o compunham. A Anta está situada na freguesia de Santa Marta em Penafiel no lugar daPortela e é monumento nacional desde 1910.

MEMORIAL DA ERMIDA


O Memorial da Ermida integra-se num insólito conjunto de construções românicas, aparentemente celebrativas, cuja explicação formal e simbólica tem sido alvo de numerosas tentativas, mas que, em boa verdade, motiva ainda múltiplas interrogações. É monumento nacional desde 1910
A estrutura do monumento é muito simples. De perfil rectangular, compõe-se de um arco único levemente apontado, assente sobre embasamento de quatro fiadas escalonadas, sendo a superior decorada por um friso de linhas sobrepostas horizontais. Na base do arco, dois blocos parcialmente embebidos na caixa murária e ornamentados com dois pares de capitéis (onde se esculpiram faces humanas e elementos vegetalistas de desenho pouco mais que sumário) suportam uma tampa sepulcral, cuja cavidade seria antropomórfica (BARROCA, 1987, p.449, cit. Abílio Miranda, 1943). Esta informação carece, contudo, de confirmação, uma vez que, como esclarece António Pinto da Silva, o antropomorfismo da cavidade foi comunicado pelos pedreiros que, na década de 40, procederam ao restauro do monumento, sendo possível que tal contorno da sepultura pudesse, antes, localizar-se no solo e não à altura da base do arco (SILVA, 1987, p.94).O arco propriamente dito é decorado com pérolas ou meias esferas, tanto no intradorso, como na secção exterior das aduelas, solução que lhe confere um ritmo característico e que, por outro lado, se integra perfeitamente nas dominantes estéticas do Românico tardio do Norte do país. O conjunto é rematado por uma cornija pouco saliente, sobre a qual se erguem dois pináculos prismáticos nos ângulos, e cuja parte inferior é decorada por um friso vegetalista, de "folhas tratadas a bisel, segundo a técnica do atelier de pedreiros que em meados da centúria de duzentos trabalhava na fábrica de Paço de Sousa" (BARROCA, 1987, p.449). O monumento está situado na freguesia de Irivo no concelho de Penafiel 2 km antes de Paço de Sousa à beira da estrada do lado esquerdo quem vai de Penafiel para Paço de Sousa.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

PELOURINHO DE PENAFIEL

Na antiga localidade de Arrifana do Sousa foi fundada uma villa, no século IX, que viria a dar origem ao concelho de Penafiel. Segundo parece, esta villa teve primeiro foral anterior à nacionalidade, dado ainda pelo Conde D. Henrique, e confirmado por D. Afonso Henriques. Teve ainda foral novo, de D. Manuel, outorgado em 1519. O actual topónimo, ainda que já referenciado documentalmente a partir do século XI, só ficaria definitivamente estabelecido em 1770, quando D. José lhe concedeu o título de cidade. Conserva um pelourinho, hoje levantado na Praça do Município de Penafiel, mas que foi originalmente construído na Arrifana, junto do velho tribunal e cadeia comarcã.
O pelourinho está implantado num dos extremos da praça, junto da cabeceira da Igreja da Misericórdia, sabendo-se que em finais do século XIX e início do século XX se encontrava noutro local do mesmo largo. Eleva-se sobre plataforma singela, circular, sobre a qual assenta a base da coluna, em plinto quadrangular com arestas chanfradas. A coluna possui fuste cilíndrico e liso, sendo rematada por um estreito astrágalo, a partir do qual se desenvolve o remate. Este é constituído por um tronco cónico liso, com perfil côncavo e rebordo inferior, muito alongado, de forma a atravessar uma grande bola, de cujo topo sai a extremidade do cone. Aí se crava uma longa haste de ferro, rematada em cruz de Cristo vazada, e com pequena esfera e bandeirola de catavento a meio.
A tipologia do conjunto sugere construção oitocentista, provavelmente subsequente à elevação de Penafiel a cidade, em 1770.
Monumento Nacional desde 1910.